![]() Foto de David Parry, 2019. Desde o início do isolamento para evitar a propagação do COVID-19 no Brasil, o que para mim começou em março, venho acompanhando de perto as comunidades na floresta Amazônica, em especial aquelas que produzem para mim. No início, comecei a orientá-los para diminuírem a circulação entre comunidade, municípios e cidades, e evitar a entrada de pessoas de fora nas comunidades. Tudo parecia muito longe, e eles riam dizendo que o vírus não chegaria lá. Eu já perdia o sono nesses dias, pois conheço as limitações de comunicação, recursos e estruturas, além das grandes distâncias das comunidades aos municípios e cidades. Como seria se o vírus chegasse nas comunidades ribeirinhas e indígenas? O vírus viajou rapidamente, com menos de dez dias após meus primeiros avisos, o Acre já era impactado, assim como o Pará, e os outros estados da região norte. O que me deixou ligeiramente mais tranquila, foi saber que rapidamente os governos locais ordenaram o isolamento, por outro lado, veio a preocupação com a falta de geração de renda, causando problemas sociais ainda mais sérios do que os atuais. Estamos em meados de Abril e as preocupações aumentam com as notícias do alastramento do vírus no norte do Brasil, região com estrutura hospitalar e profissionais insuficientes para dar conta dos infectados pelo Covid-19. No Acre, são 77 casos confirmados, a capital Rio Branco e o município de Acrelândia são os locais mais preocupantes com os casos da pandemia. No Pará, são 246 casos confirmados em todo o Estado. Manaus já teve 23 mortes pelo novo corona vírus, sendo pelo menos 2 indígenas. Os ribeirinhos geralmente tem diversas atividades, vivem num ecossistema de interdependência econômica com a floresta, onde produtos como a borracha, o açaí e a castanha são seu ganha-pão. Se não podem pegar barcos para entregar suas mercadorias, como mostra esta matéria, como vão conseguir sobreviver se a situação se prolongar? O transporte fluvial foi suspenso, sendo permitido somente o trânsito de cargas, alimentos e urgências médicas. A vida dos ribeirinhos da Amazônia sempre foi um grande desafio. Eles tem a seu próprio benefício o fato de plantar e colher a própria comida, o que é uma grande vantagem nesses tempos sombrios. Mas com as restrições impostas pela pandemia, muitas famílias que sobrevivem de extrativismo serão prejudicados para escoar a produção. Com relação às pessoas das comunidades colaboradoras da minha marca, algumas famílias tem boa parte da renda vinda de nós, outras, tem uma clientela mais diversificada. Em ambos os casos, a situação é complexa. Para alguns de meus produtores, pedi que continuassem a produção em seus locais, estocando a borracha para o final do isolamento. Por outro lado, é um risco, pois como estamos com as vendas perto de zero, como a empresa vai continuar? O mais importante agora é a vida. Poder dar suporte de alguma forma às nossas comunidades tornou-se a nova meta, o que inclui inovar para que possamos nos reinventar num futuro próximo. Pensando nisso estamos realizando algumas ações:
Cuidem-se por amor! Fiquem em casa! Força Amazônica para todos! Flavia Amadeu Direção e revisão: Caia Amoroso Fotos da Oficina de Melhoramentos e Gestão da Produção por Flavia Amadeu com a comunidade do Curralinho no município de Feijó, 2019. Parceria com SOS Amazônia. Fotos de Eliz Tessinari. 10% de qualquer produto será destinado à comunidades impactadas pelo COVID-19
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Abril 2022
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